Segundo o prefeito Ricardo Nunes (MDB), ideia é alavancar o comércio e a vida noturna no fim de ano e fazer um monitoramento sobre uma possível adoção de tarifa gratuita permanente nos dias úteis
g1
SÃO PAULO — O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse nesta quinta-feira (23), que estuda adotar a tarifa zero nos ônibus da cidade sempre aos domingos ou no período noturno a partir do mês de dezembro.
Segundo o prefeito, a ideia é alavancar o comércio e a vida noturna da capital paulista no fim de ano e fazer um monitoramento sobre uma possível adoção de tarifa gratuita permanente nos dias úteis.
“O que a gente está pensando, e ainda não está definido, é iniciar o processo para sentir como vai ser o comportamento, se a tarifa zero ela vai trazer realmente um ganho para a economia, um movimento econômico maior. E a ideia é que a gente inicie dando o transporte gratuito para domingo ou para o período noturno. É uma das duas situações, que a gente vai colocar”, afirmou o prefeito.
“Pode ser no domingo, ou pode ser no período noturno. A ideia que está mais sendo apreciada é de domingo. É um dia que não tem tanta movimentação e para o domingo ter o aquecimento da economia. Fazer girar a economia, pensando na geração de emprego, renda e no fortalecimento econômico da cidade”, completou.
O prefeito de São Paulo afirmou que já conversa com o relator do orçamento de 2024 na Câmara Municipal para que a adicione na proposta uma rubrica de R$ 400 a R$ 500 milhões para bancar essa nova gratuidade.
O valor seria complementar aos R$ 5,1 bilhões que já consta na proposta de orçamento do próximo ano para pagar os subsídios às empresas de ônibus da cidade.
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A declaração do prefeito foi dada durante a abertura da 28ª Cúpula de Mercocidades sul-americanas, na Sala São Paulo, no Centro.
Subsídio de R$ 5,3 bi em 2023
Questionado sobre o aumento do subsídio pago pela prefeitura às empresas de ônibus da cidade em 2023, que chegou a R$ 5,3 bilhões em novembro e já é o maior da história da cidade, Nunes afirmou que o montante é resultado do congelamento da tarifa em R$ 4,40 desde janeiro de 2020.
Segundo o prefeito, manter o valor da passagem no atual patamar é importante para tentar atrair novos usuários para o sistema e resgatar o número de passageiros transportados antes da pandemia da Covid-19.
“O aumento atual do subsídio é para manter a tarifa nos R$4,40. Sem ele, era para estar em torno de R$8,00. Nós tínhamos, em 2019, nove milhões de passageiros por dia. Hoje são apenas sete milhões. Nós estamos mantendo a tarifa congelada para poder atrair mais passageiros para o transporte coletivo e desincentivando o transporte individual. E a manutenção da tarifa baixa, faz parte desse processo”, declarou.
Cautela com tarifa zero permanente
Segundo Nunes, a implantação de uma política permanente de tarifa zero custaria no mínimo R$ 10 bilhões por ano aos cofres da prefeitura, em números registrados pela SPTrans em 2022.
Com esse custo alto de operação do sistema, o prefeito disse que a implantação de um programa de tarifa zero permanente na cidade, em todos os dias da semana, precisa ser vista com ressalvas para não comprometer o orçamento municipal.
“A tarifa zero é bastante complexa. Um sistema que no ano passado custou R$ 10 bilhões. Ao menos R$ 5 bilhões a gente teve de arrecadação de tarifa e R$ 5 bilhões a prefeitura colocou em subsídio, em números redondos. São mais de 12 mil ônibus [rodando por dia]. Então, qualquer movimento tem que ser muito bem pensado, estudado e planejado. O que eu não vou fazer é tirar dinheiro da Habitação e da Saúde, para colocar no transporte”, declarou o prefeito de SP.
Subsídio recorde
O gasto gestão municipal com subsídios pagos às empresas de ônibus da capital paulista atingiu R$ 5,3 bilhões neste mês de novembro é já o maior da história da cidade, pelo terceiro ano consecutivo.
Segundo dados divulgados pela SPTrans, entre janeiro e novembro deste ano, o total aplicado pelo tesouro municipal no sistema municipal de transporte público da capital superou em cerca de 4% os R$ 5,1 bilhões gastos em todo o ano passado.
Esse valor ainda deve crescer até o fim do ano, uma vez que 2023 ainda não terminou e, no ano passado, só no mês de dezembro, a prefeitura desembolsou R$ 650 milhões para subsidiar o transporte público da cidade.
Subsídios pagos às empresas de ônibus em SP
- 2023: R$ 5,3 bilhões (até novembro)
- 2022: R$ 5,1 bilhões
- 2021: R$ 3,4 bilhões
- 2020: R$ 3,3 bilhões
- 2019: R$ 3,1 bilhões
- 2018: R$ 3,3 bilhões
- 2017: R$ 2,9 bilhões
- 2016: R$ 2,5 bilhões
- Fonte: SPTrans