Cacau Show anuncia compra do Playcenter para abrir parque temático em SP

Cacau Show e Playcenter - Leste Online
Alê Costa, fundador da Cacau Show e Marcelo Gutglas, fundador do Playcenter — Imagem: PEGN

Segundo Alê Costa, fundador da marca, objetivo é “comprar a experiência” do grupo para realizar o sonho de inaugurar um parque próprio. Processo ainda deve ser analisado pelo Cade

PEGN


SÃO PAULO — A Cacau Show anunciou nesta terça-feira (20/2) mais um passo em direção ao lançamento de seu próprio parque de diversões: a aquisição do lendário Grupo Playcenter, dono do parque Playcenter Family e da rede Playland. O valor da transação não foi revelado. O processo ainda deve ser analisado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A empresa não deu detalhes sobre a inauguração de um parque próprio, que já vem sendo aventada há algum tempo, mas Alê Costa, fundador da Cacau Show, diz que a negociação se deu pela “compra da experiência”, que o ajudará a realizar o “sonho grande”. Ele já comentou, em diferentes ocasiões, sobre o interesse de ter um parque temático em São Paulo, com padrão internacional. A aquisição do Playcenter deve ajudar a dar forma a esse objetivo. Vanessa Costa, presidente da Associação Brasileira de Parques e Atrações (Adibra), foi quem estreitou o contato entre as duas empresas.



Marcelo Gutglas já vinha pensando na sucessão do grupo e disse que viu em Alê alguém que poderia dar continuidade ao legado construído ao longo de cinco décadas. “Ele é a única pessoa para quem eu venderia a minha empresa. Um legado construído com tanto sacrifício por mais de 50 anos”, diz. Os dois tratam o movimento como uma “passagem de bastão”.

Hoje, o Grupo Playcenter tem um parque indoor, o Placenter Family, na Zona Leste de São Paulo (uma nova unidade será inaugurada em São Bernardo do Campo, na Região Metropolitana da capital), e sete unidades do Playland. O grupo faturou cerca de R$ 100 milhões em 2023 e tem 500 funcionários, sendo cerca de 70 na parte administrativa. Gutglas deve continuar no negócio como conselheiro, e os diretores também se mantêm. Após aprovação do Cade, que Alê tem expectativa de que aconteça em até 30 dias, a empresa vai analisar como fazer a fusão dos negócios. “É natural que o negócio cresça e evolua”, diz.

A princípio, as unidades do Playland e Playcenter Family devem ganhar um incremento na parte gastronômica, com oferta de comidas e bebidas vindos da Cacau Show. Os parques também devem ganhar elementos que remetam à marca de chocolates, bem como os personagens criados para os produtos, como os Chocomonstros.

Alê diz ainda não saber se a operação gastronômica será gerenciada pelos franqueados mais próximos aos parques. A loja do Shopping Eldorado, onde ocorreu a coletiva, é operada pela própria franqueadora.

Vanessa Costa, presidente da Adibra, diz que as duas empresas têm “sinergias claras”, e que o país deve ver nascer “um novo conglomerado de entretenimento” com essa negociação. “O Playcenter parecia ser uma ‘empresa invendável’, com certeza pegou muita gente de surpresa. mas foi uma identificação muito grande entre os dois”, diz.

De acordo com ela, as marcas devem se complementar, mas a Cacau Show deve enfrentar novos desafios com a entrada oficial no ramo de parque de diversões. “Uma coisa é trabalhar com varejo, onde eles já são extremamente consolidados, outra é quando recebe clientes para passarem horas dentro do seu estabelecimento, mas acredito que será um aprendizado mútuo”, diz.

Histórico

O Playcenter teve seu auge com o parque temático inaugurado em São Paulo, em 1973. O complexo fez história ao longo de décadas, com atrações como Splash, Boomerang, Turbo Drop e eventos como as Noites do Terror. No entanto, encerrou as atividades em 2012 por motivos financeiros.

A Cacau Show é a maior rede franqueadora do Brasil, em número de lojas, com cerca de 4,2 mil lojas em funcionamento. Nos últimos anos a empresa tem direcionado investimentos em frentes de entretenimento, com a inauguração de dois resorts em São Paulo e patrocínio de espetáculos teatrais.

A empresa já tentou adquirir dois dos maiores parques temáticos do Brasil, Beto Carrero World e Hopi Hari (este último também foi cofundado por Gutglas), e inaugurou uma montanha-russa de R$ 3 milhões na fábrica de Itapevi (SP) no fim do ano passado. “Estamos recebendo 7 mil pessoas por dia aos finais de semana”, diz Alê.