Três funcionários da estação Santa Cruz prestaram depoimento nos últimos dias
Atualizado às 14:36
SÃO PAULO, 4 jan (G1) – O Metrô de São Paulo demorou uma hora para autorizar as buscas pelo menino Luan, de 3 anos, que foi encontrado morto nos trilhos da Linha 1-Azul. Segundo um relatório do Sindicato dos Metroviários, foram 61 minutos para que os seguranças pudessem entrar no túnel para procurar pela criança.
A investigação está sob sigilo, mas o SP1 apurou que três funcionários prestaram depoimento à família. Eles disseram que procuraram por Luan assim que foram informados de que ele tinha se perdido da família e que os seguranças só entraram no túnel depois que a energia elétrica foi desligada num trecho de quatro quilômetros, entre as estações vila mariana e saúde, nos dois sentidos.
Segundo o Sindicato dos Metroviários, o relatório da empresa mostra que a companhia recebeu uma mensagem de texto às onze e sete da manhã dizendo que uma criança tinha desembarcado sozinha na estação e que num primeiro momento, a procura foi na plataforma, no mezanino e num shopping que fica em cima da estação Santa Cruz.
Veja a cronologia dos fatos, segundo o Sindicato dos Metroviários:
- 11h07 – A central do Metrô recebeu uma mensagem em SMS de um passageiro, informando que uma criança desembarcou na estação Santa Cruz e a família ficou no trem.
- 11h08 – Começa a procura pela criança na plataforma, acessos, shopping, e na estação Santa Cruz da linha lilás, mas não encontram a criança.
- 11h20 – Sem encontra ninguém, funcionários começam a cogitar a ideia de procurar no túnel.
- 11h28 – É formalizada a necessidade de procurar no túnel.
- 12h08 – Só neste horário é autorizada a entrada no túnel para fazer buscas.
- 12h22 – Um funcionário avista um corpo no túnel.
- 12h46 – O corpo é localizado
- 12h52 – Tem início a operação de resgate da criança.
- 12h56 – A criança é levada para a plataforma da estação, e de lá imediatamente para o Hospital São Paulo, da Unifesp.
O SP1 confirmou que o primeiro a ver Luan no túnel foi um maquinista e que o menino estava no meio do trilho, em um vão entre os dormentes.
O Sindicato diz que o Metrô preza a excelência e a eficiência na operação, mas deveria prezar também a possibilidade de a criança estar nos trilhos. Reclama que faltam funcionários de plataforma, e defende que a portinhola que dá acesso a passarela de emergência, no interior do túnel, deveria tem uma trava que a mantivesse fechada, e até mesmo um tipo de sensor com alarme sonoro, por exemplo, para chamar a atenção de funcionários e mesmo de usuários para o fato de que alguém está entrando no túnel. Nesse caso, qualquer pessoa que visse uma criança entrando certamente daria o aviso imediatamente.
O caso
Luan, de 3 anos, foi encontrado morto em túnel da linha 1-Azul do Metrô de São paulo no dia 23 de dezembro. Ele e a família estavam a caminho da praia, quando ele desceu do colo da mãe e correu para fora do vagão na estação Santa Cruz, na Linha 1-Azul. Luan, de 3 anos, teve a morte confirmada no hospital.
Em entrevista ao Bom Dia SP, a mãe relembrou a cena. “Ele passou na porta, que já tinha apitado. Como ele era pequenininho, só deu tempo dele passar. Quando ele passou, eu desesperei. Comecei a bater, gritar. Todo mundo ficou gritando: ‘para o Metrô’, mas não conseguiram parar.”
“Eu avistei um trem parado e o pessoal indo com uma maca. Foi aí que eu me desabei. Subi para falar com ela [Lineia, mãe do menino]: ‘eles encontraram o Luan, mas não encontraram ele bem'”, explica o padrasto, Edmilson.
Luan foi encontrado com ferimentos na cabeça, a 200 metros da estação, dentro de um túnel.
De acordo com o Metrô, por volta de 11h do domingo agentes de segurança da estação Santa Cruz, das linha 1-Azul e 5-Lilás, foram informados pelo Centro de Controle de Segurança que uma criança estava perdida na estação.
O diretor de operações do Metrô, Milton Gioia, diz ter imagens de segurançaque mostram o momento em que menino Luan, de 3 anos, deixa o colo da mãe e sai do vagão do Metrô e os passageiros entram em pânico. Também, segundo o Metrô, nenhum passageiro acionou o botão de emergência que pode ser acionado para parar o trem.