Em Itaquera, Cidade Tiradentes e Aricanduva, vias com asfalto desnivelado e trechos com imperfeições atrapalham motoristas e geram risco de acidentes
Giacomo Vicenzo (32xSP)
04/06/2019 – 20:54
SÃO PAULO — O Plano de Metas apresentado pelo prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), no mês de abril, prevê a manutenção de 540 mil buracos até o fim da gestão, em 2020. O orçamento para os serviços de zeladoria, em que também é realizada a operação tapa-buraco, triplicou neste ano, passando de R$ 500 milhões para R$ 1,5 bilhão.
Somente para operações de tapa-buraco foram empenhados R$ 144 milhões, em 2019 — um aumento de mais de R$ 25 milhões, em comparação com o ano anterior.
A operação, já iniciada pela Secretaria Municipal das Subprefeituras, pretende consertar 38 mil buracos a partir de solicitações da central 156.
Os números milionários e as metas ambiciosas demoram para se refletir em algumas vias da zona leste.
É o caso das ruas Professor Hasegawa e Ioneji Matsubayashi, na Fazenda do Carmo, em Itaquera.
Em um trecho de pouco mais de três quilômetros, entre essas ruas e a avenida Jacu Pêssego, uma das principais da região, há mais de 60 buracos, alguns com cerca de “seis meses de idade”.
No horário de pico é comum encontrar trânsito intenso no local. Isso acontece porque por carros precisam entrar na contramão para desviar dos buracos na via.
“Eu não uso mais esse caminho. Prefiro pegar um mais longo. Os buracos estragam a suspensão do carro”, reclama Francis Reis Moura, 23, técnico de laboratório. Moura reside no distrito de Cidade Tiradentes e também se queixa dos buracos na região.
Ele afirma que o asfalto danificado atrapalha tanto quem circula no transporte particular quanto quem viaja de coletivo.
“A via que circula o terminal de ônibus tem buracos, e com alguma frequência os ônibus caem neles e quebram. A rua é estreita e bloqueia toda a saída dos coletivos e dos carros que precisam passar por lá gerando trânsito”, reclama.
Mais à frente, na avenida Souza Ramos, em Cidade Tiradentes, a via que é trajeto dos coletivos e veículos que só têm dois caminhos para sair do bairro, faz com que os motoristas sofram com os buracos.
Aniversário dos buracos
De novo no distrito de Itaquera, o problema se repete no cruzamento entre as ruas Fontoura Xavier e Benedito Coelho Netto. Um buraco gigante na via já dura pelo menos três meses, sem manutenção.
Em visita ao local, a reportagem presenciou o para-choque de um carro sendo danificado ao tentar cruzar o trecho esburacado.
Wilson Souto, 37, nunca teve o carro danificado, mas afirma ter recebido reclamações de seguidores de sua página a respeito do rompimento de pneus e rodas no local.
Na avenida Aricanduva, também na zona leste, em quase toda a sua extensão em ambos os sentidos, é possível encontrar buracos no asfalto e tampas de galerias desniveladas no meio da pista. O resultado são fortes solavancos ao passar de carro ou ônibus.
Jobervan da Silva Junior, 32, gerente comercial, reclama do problema. “Desgasta mais o carro e é perigoso perder o controle da direção ao passar em cima do desnível e ocasionar algum acidente. Recentemente tive que trocar peças do amortecedor por passar em buracos na região.”
O que fazer em caso de danos
Todas as pessoas que se sentirem prejudicadas podem buscar a reparação de danos pelo município.
O motorista deve formular um requerimento administrativo dirigido à Procuradoria Geral do Município (PGM), que analisará o caso.
O munícipe pode protocolar esse requerimento na própria PGM ou em qualquer umas das 32 subprefeituras.
De acordo com dados cedidos pela PGM, em 2018 constam 37 pedidos administrativos de indenização tendo como objeto “danos ao veículo por buraco na via”. Desses, oito foram deferidos, 23 indeferidos e seis estão em fase de instrução.
Em 2019, há 20 pedidos administrativos. Desses, dois foram deferidos, cinco indeferidos e 13 estão em fase de instrução.
Com relação às ações judiciais, entre 1º de janeiro de 2018 e 14 de abril de 2019, foram cadastradas 93 ações com o objeto “queda na via”. Essas ações englobam veículos em buracos ou irregularidades na via pública.
Tampas de bueiro
Os serviços de reparo de tampas de bueiros e massa asfáltica em torno delas são de responsabilidade da Sabesp. No ano passado, a empresa gastou R$ 84,8 milhões com manutenção de asfalto.
Já o serviço de tapa-buraco é de responsabilidade da Prefeitura de São Paulo e está dentro do programa de zeladoria, coordenado e executado pelas 32 subprefeituras da capital.
Sua função é resolver problemas pontuais no asfalto. O serviço de zeladoria também tem a responsabilidade de trocar as tampas de bueiros danificadas. O recapeamento faz parte do programa ‘Asfalto Novo’.
No ano passado, pouco mais de 265 mil quilômetros foram recapeados e o valor liquidado foi de mais de R$ 296 milhões.
Correção dos problemas
Em nota, a reportagem a Sabesp informa que equipes percorreram todos os endereços informados e realizaram os serviços de responsabilidade da Companhia na rua Professor Hasegawa, 1.198, e na esquina com a rua Paina, além da avenida Souza Ramos, 102 e 137. Nos demais endereços, completa a companhia, os problemas encontrados não são de responsabilidade da empresa.
A Prefeitura de São Paulo também se posicionou por meio de nota e informa que a subprefeitura de Aricanduva iniciará as manutenções de tampas de bueiros danificadas, no início do mês que vem.
Já a subprefeitura de Itaquera afirma que as obras na região da Fazenda do Carmo estão em andamento. Em Cidade Tiradentes, a subprefeitura diz que o problema apontado na avenida Souza Ramos foi consertado.
Cerca de uma semana após o contato da reportagem, alguns problemas no asfalto na Fazenda do Carmo foram arrumados, mas a região ainda conta com mais de 60 buracos que necessitam de conserto e tornam o trânsito complicado no local.
* Texto com alterações.