O Procon requisita que tanto o shopping quanto o parque forneçam explicações sobre o caso e esclareçam os procedimentos administrativos adotados após a denúncia
UOL
SÃO PAULO — O Procon notificou ontem (7) o Shopping Aricanduva, na Zona Leste de São Paulo, e o Playcenter Family após uma denúncia de racismo contra um grupo de crianças que brincava no parque de diversões do local. O caso ocorreu em 27 de fevereiro, um domingo, e foi relatado neste sábado (5).
Segundo a reportagem, sete crianças negras, com idades entre 12 e 13 anos, foram barradas de acessar um dos brinquedos do parque, localizado dentro do shopping. Ao UOL, Gabriel Henrique Rodrigues da Silva, responsável por levar as crianças ao local, contou que o grupo foi retirado dali por seguranças.
Gabriel integra uma associação da Igreja Metodista que trabalha com crianças carentes e havia reunido os jovens para comemorar o aniversário de um deles. Ele detalhou que todos os movimentos do grupo eram observados de perto pelos funcionários e que os garotos não puderam utilizar um dos brinquedos porque, segundo a atendente, estavam desacompanhados.
“É bom destacar que absolutamente nenhuma criança branca estava acompanhada de adulto na fila, e todas entravam normalmente. Eu disse que eles não estavam sozinhos, que eu era o responsável, mas ela disse que tinha recebido essa informação”, disse.
Gabriel também afirmou que dois gerentes o disseram terem recebido a informação de que as crianças estavam pedindo dinheiro e “batendo carteiras”. Ele procurou a administração do shopping, onde foi orientado a “ficar à vontade para procurar seus direitos”.
O Procon requisita que tanto o shopping quanto o parque forneçam explicações sobre o caso e esclareçam os procedimentos administrativos adotados após a denúncia.
O órgão também questiona qual o tipo de serviço de contratação dos seguranças (próprio ou terceirizado), e pede que seja detalhado o treinamento recebido sobre direitos e garantias do consumidor.
O Shopping Aricanduva e o Playcenter têm até esta quarta-feira (9) para responder o Procon.
No sábado, o shopping não havia se manifestado sobre o ocorrido. Já o Grupo Playcenter, que administra o parque de diversões, lamentou o episódio.
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“Na ocasião, a equipe do parque prestou esclarecimentos ao responsável pelos menores, colocando-se à disposição para qualquer necessidade. Com mais de 50 anos de história e referência no setor, o Grupo Playcenter repudia qualquer tipo de discriminação e reafirma a sua missão em proporcionar alegria, diversão e entretenimento para todos”, disse em nota.
O UOL entrou em contato novamente com o shopping e o parque nesta segunda-feira (7). O Grupo Playcenter, por meio de nota, disse que “responderá ao Procon dentro do prazo estipulado pelo órgão”. O shopping ainda não retornou a reportagem.
Canal de denúncias para casos de discriminação
O Procon-SP, por meio de nota, informou disponibilizar um canal para denúncias de casos de racismo e discriminação nas relações de consumo. Ele pode ser acessado no seguinte endereço: www.procon.sp.gov.br/procon-racial/.
A iniciativa é fruto de uma parceria entre o órgão e a Universidade Zumbi dos Palmares, com o objetivo de fortalecer ações de prevenção e fiscalização de discriminação racial.