Grupo CCR vence leilão e assumirá operação e manutenção da Linha 15 – Prata do Monotrilho

Linha 15 - Prata do Monotrilho será operada pelo consórcio ViaMobilidade 15 - Foto: Reprodução
Linha 15 - Prata do Monotrilho será operada pelo consórcio ViaMobilidade 15 - Foto: Reprodução

Segundo a Secretaria de Transportes Metropolitanos, o lance foi de R$ 160 milhões, ágio de apenas 0,59% em relação ao valor inicial de outorga. Com mais este leilão, CCR ultrapassa a Companhia do Metrô em tamanho da rede

11/03/2019 – 19:12


SÃO PAULO (Diário do Transporte) – O Consórcio ViaMobilidade 15, do Grupo CCR, foi o único a apresentar proposta para o leilão da Linha 15-Prata de Monotrilho.

Após três adiamentos, o governo de São Paulo conseguiu finalmente realizar nesta segunda-feira, 11 de março de 2019, o leilão da Linha da rede metroviária paulista. O certame teve início às 14 horas na sede da B3, Bolsa de Valores de São Paulo.

Segundo a Secretaria de Transportes Metropolitanos, o lance foi de R$ 160 milhões. O ágio foi de 0,59% em relação ao valor inicial de outorga.

O Consórcio ViaMobilidade 15 assumirá a operação, manutenção e conservação, melhorias e expansão da linha de monotrilho, pelo período de 20 anos.

Com mais esta concessão, a CCR alcança 4 linhas de metrô em São Paulo, 2 em Salvador e uma no Rio de Janeiro, tornando-se a maior potência metroferroviária do país.

Como mostrou o Diário do Transporte, por causa do grande número de questionamentos, a concorrência que deveria ter inicialmente a abertura dos envelopes com as propostas em 26 de junho de 2018, foi adiada duas vezes: primeiramente para 21 de julho, posteriormente para 22 de novembro e finalmente para 11 de março de 2019.

A concorrência foi definida pelo critério da maior oferta pela outorga fixa da concessão, com lance mínimo estabelecido em R$ 153,383 milhões.

O contrato tem o valor estimado de R$ 4,32 bilhões, computando-se as receitas decorrentes da tarifa de remuneração e das receitas acessórias durante a concessão.

Para Peter Alouche, consultor e especialista do setor, o Metrô de São Paulo deveria ter tido o cuidado de incluir uma cláusula de possibilidade de intervenção na operação da concessionária em situação extrema de perigo operacional. Afinal, diz Peter, apenas a Companhia do Metrô tem agilidade e competência para isso. “Espero que essa necessidade nunca apareça”, conclui.

 

Linha 15 - Prata do Monotrilho será operada pelo consórcio ViaMobilidade 15 - Foto: Reprodução
Linha 15 – Prata do Monotrilho será operada pelo consórcio ViaMobilidade 15 – Foto: Reprodução

 

Sindicato dos Metroviários tentou impedir leilão

Como noticiou o Diário do Transporte, o Sindicato dos Metroviários tentou impedir a concessão da linha 15-Prata do monotrilho, sustentando que o edital traz vantagens ao ente privado que vão trazer prejuízos aos cofres públicos.

O diretor do sindicato, Wagner Fajardo, admitiu que seria difícil conseguir uma decisão favorável, mas que o processo era para alertar para o que considera de temeridades da concessão.

A CCR vinha sendo considerada grande favorita para vencer a disputa, o que foi reforçado por uma declaração do presidente do grupo, Leonardo Vianna, que assumiu o interesse no projeto. A Linha 15-Prata, segundo o executivo, tem perfil semelhante ao das Linhas 5 e 17 do Metrô, que foram assumidas em leilão pela companhia em janeiro de 2018. Na ocasião, o sindicato dos metroviários, com os mesmos argumentos, tentou barrar a concessão, mas foi derrotado na Justiça.

Em 19 de janeiro de 2018, oferecendo um lance de R$ 553,88 milhões, segundo o Metrô com um ágio de 185% em relação ao valor inicial de outorga, o Consórcio ViaMobilidade arrematou as linhas.

A ViaMobilidade tem predominância do Grupo CCR com participação do Grupo RuasInvest, da família que tradicionalmente controla parcela significativa das linhas de ônibus da capital paulista.

Havia expectativa de que outros grupos participassem do certame, como a CS Brasil, empresa da JSL, em parceria com a Seoul Metro,e a chinesa BYD, que recentemente assumiu um projeto de parceria público privada para construção e operação do monotrilho de Salvador. No entanto, apenas a CCR apresentou proposta.

A Mitusi, que possui participação na ViaQuatro (Linha 4 do Metrô de São Paulo) e recentemente assumiu o controle acionário da SuperVia, concessionária de trens urbanos do Rio de Janeiro, também estava cotada.

Linha 15 – Prata: histórico

O monotrilho da linha 15-Prata teve as obras iniciadas em 2011 e a previsão inicial era de que todo o traçado de 26,7 quilômetros de extensão, com 18 estações entre Ipiranga e Hospital Cidade Tiradentes, fosse entregue em 2014 ao custo R$ 3,5 bilhões. Depois, a estimativa em junho de 2015 passou para R$ 4,6 bilhões para um trecho menor; de 15,3 km e 11 estações.

Agora, a estimativa de custo é de R$ 5,2 bilhões, com a entrega da estação Jardim Colonial prevista somente em 2021, segundo o mais recente relatório de empreendimentos da Companhia do Metrô de janeiro deste ano.

Estão com os projetos congelados, sem previsão de obras, o trecho entre Vila Prudente e Ipiranga e o trecho que compreende as estações Jequiriçá, Jacú-Pêssego, ligação com o pátio Ragueb Choffi, Érico Semer, Cidade Tiradentes e Hospital Cidade Tiradentes.

O trecho de 2,3 km, entre as estações Vila Prudente e Oratório, começou a operar com horário reduzido em 30 de agosto de 2014. A cobrança de passagem, mas com horário reduzido ainda, começou em 10 de agosto de 2015.

Somente em 26 de outubro de 2016 é que o trecho passou a funcionar no horário integral das linhas de metrô, das 4h40 à meia noite.

No dia 6 de abril de 2018, o então secretário Clodoaldo Pelissioni e o ex-governador Geraldo Alckmin, em seu último dia à frente do Executivo Paulista, antes de tentar a presidência da República, entregaram quatro estações da Linha 15-Prata: São Lucas, Camilo Haddad, Vila Tolstói e Vila União. O trecho possui 5,5 km de extensão. As operações começaram sem cobrança de tarifa e em horário reduzido, das 9h à 16h, somente de segunda a sexta-feira. Apenas em 1º de dezembro de 2018, começou a cobrança de passagem e o horário foi ampliado, mas ainda não integral da rede de trilhos. O monotrilho na linha 15-Prata neste trecho então passou a operar todos os dias da semana das 6h às 20h. Relembre:

No dia 01º de novembro de 2018, o Metrô de São Paulo notificou a Azevedo & Travassos, responsável pelas obras, da rescisão de dois contratos que mantinha com a empresa para o acabamento das quatro estações restantes da linha 15-Prata. Além disso, o Metrô aplicou multas que ultrapassam R$ 7,7 milhões.

O Metrô chamou a segunda colocada da licitação realizada em 2016 para concluir as obras, mas a empresa não demonstrou interesse.

No dia 20 de dezembro de 2018, a Companhia do Metrô publicou o aviso de licitação para o término das obras. A previsão de conclusão que era para o final de 2018, agora passou para a partir de outubro de 2019.

No dia 12 de janeiro de 2019, as estações São Lucas, Camilo Haddad, Vila Tolstói e Vila União, que formam o mais novo trecho da linha 15-Prata de monotrilho, passaram a operar no mesmo horário integral da rede de metrô.

Monotrilho: problemas recorrentes

A linha 15-Prata de monotrilho tem reunido uma série de problemas, principalmente na etapa mais nova em operação.

O trajeto entre as estações São Lucas, Camilo Haddad, Vila Tolstói e Vila União, forma o mais novo trecho da linha 15-Prata de monotrilho, que passou a operar no mesmo horário do Metrô em 12 de janeiro de 2019 e foi inaugurado em 06 de abril de 2018.

O problema mais grave registrado foi a batida no dia 29 de janeiro de 2019 entre dois trens na estação Jardim Planalto, que ainda não recebe passageiros.

O sistema de controle dos trens da Linha 15-Prata do Metrô de São Paulo foi alvo de polêmica por conta do ocorrido. O Sindicato dos Metroviários informou que o acidente que resultou na colisão de dois trens do monotrilho da Linha 15-Prata, na capital paulista, foi causado por falha neste sistema.

Na ocasião, o Metrô rebateu, informando que o acidente havia sido causado por falha humana.

Segundo nota da estatal, “a ação humana tornou o trem M22, que estava estacionado na plataforma da estação Jardim Planalto, invisível ao sistema de comunicação e sinalização (CBTC), causando a colisão com o trem M23”.

No mesmo dia do acidente, na período da manhã, os trens do monotrilho operaram em velocidade reduzida por causa de uma peça de sustentação do terceiro trilho (equipamento por onde passa a energia) que se soltou na estação Vila União.

* Por: Alexandre Pelegi