Escolas estaduais da Zona Leste de SP vivem ‘epidemia’ de roubos

Uma das escolas furtadas - Crédito: Guilherme Balza/CBN

As escolas estaduais da regional Leste 1, na capital paulista, vêm sendo alvo de uma onda de furtos. Um levantamento feito por diretores das unidades mostra que 35 escolas da regional foram roubadas em 2018. Isso é quase 40% de todas as unidades desta regional

 

Uma das escolas furtadas – Crédito: Guilherme Balza/CBN

 

SÃO PAULO (CBN) – Nas escolas estaduais da Zona Leste de São Paulo a segunda-feira é de apreensão. Diretores, professores e alunos não sabem o que vão encontrar depois do fim de semana.

Nos últimos meses, há uma “epidemia” de furtos nas escolas estaduais da Diretoria Regional Leste 1, uma das 13 regionais da cidade. A Leste 1 abrange a Penha, Cangaíba, Ponte Rasa, Ermelino Matarazzo, Vila Jacuí e Itaquera.

Só neste ano, os diretores contabilizaram 35 escolas furtadas das 91 unidades da regional. A cada dez dias uma escola é roubada, a maioria no segundo semestre.

Entre os diretores impera a “lei da mordaça”. Eles evitam falar do assunto por temer uma retaliação dos superiores. Uma diretora que não quis se identificar disse que apela pra criatividade.

“Nós acabamos tendo que esconder talões de cheque, notas ficais, ou qualquer outro objeto que possa ser furtado. Se eu disser pra você que nós já escondemos talões de cheque até dentro do cesto do banheiro você vai rir. A cada final de semana nós temos notícia de uma escola que foi roubada. Nós estamos vivendo apavorados.”

Os ladrões agem sempre à noite. Costumam chegar de carro. Arrombam o portão e levam tudo o que conseguirem carregar.

Eles buscam principalmente os computadores da administração e das salas de informática. Na escola Nello Lorenzon, eles roubaram os 27 PCs.

Mas também levam câmeras de segurança, como na escola Filomena Matarazzo. Na Galileu Emendabilli eles roubaram todas as torneiras das pias, que não foram repostas.

Na Milton Cruzeiro, a fiação foi furtada três vezes.

A escola Miguel de Cervantes foi roubada em dois finais de semana seguidos.

Na Benedita de Resende, eles levaram todos os 17 computadores. A diretora de outra escola emprestou alguns computadores para suprir a falta. E o que aconteceu? O que foi emprestado também foi roubado.

Para outra diretora a situação é desmotivadora.

“Nós chegamos na escola no dia e não sabemos o que vamos encontrar. Então você já abre a porta da escola com medo do que pode encontrar lá dentro. Temos medo de fazer uma benfeitoria da escola e, de uma hora pra outra, ela pode ser detonada. A gente fica insegura de fazer qualquer benfeitoria pra escola. Toda vez que chega a notícia de um roubo novo todos ficam com aquela insegurança, aquela frustração. É muita desmotivação. O professor já não tem motivação nenhuma para trabalhar, e cada dia é uma decepção.”

Ao contrário das escolas da prefeitura, as do estado não têm segurança.

Os diretores fazem boletim de ocorrência e comunicam a diretoria de ensino, mas os materiais nunca são repostos.

A reportagem procurou a Secretaria da Educação, que indicou o diretor regional da Leste 1, Amarildo Lucheti, pra falar do assunto. Ele afirmou que fez uma reunião com a Polícia Militar e que iniciou a tramitação para receber, com urgência, a reposição dos equipamentos roubados.

“Infelizmente nesse segundo semestre nós tivemos, de fato, um surto de furtos nas escolas. Esse ano foi um ano atípico. A gente teve uma restrição eleitoral. Não podemos sair do orçamento. A gente não pode fazer grandes aquisições.”

Na Escola República do Uruguai, o laboratório de informática foi todo roubado em 2002 e até agora não foi reposto.

Os mais prejudicados são os alunos de baixa renda, que só acessam o computador na escola.

“A escola já tem muito pouco. A vida da escola é o aluno. Sem os computadores na sala de informática, os alunos não tem acesso à internet. Escolas que foram roubadas há três, quatro, cinco anos não tiveram o material reposto.”