Mães de crianças atípicas protestam contra mudança na gestão do Caps Infantojuvenil de São Mateus

Caps - Leste Online
Grupo de mães protestam contra a mudança da administração do Caps IJ de São Mateus. — Imagem: Arquivo pessoal

Elas argumentam que troca de equipe pode prejudicar o tratamento dos filhos que está em andamento e requer continuidade

g1


SÃO PAULO — Mães de crianças e adolescentes atípicos que frequentam o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) infantojuvenil de São Mateus, na Zona Leste de São Paulo, organizaram nesta terça-feira (16) um protesto contra a mudança da administração do local. Elas argumentam que os filhos podem regredir no tratamento, pela falta de continuidade.

Atualmente, o Caps é administrado pela Coordenadoria Regional de Saúde Leste e pela Supervisão Técnica de Saúde São Mateus com dois psiquiatras emprestados da Fundação Padre Moreira. Com a troca, a Fundação ABC assumiria a gestão.



Em nota, a Fundação ABC informou que não tem informações sobre uma eventual mudança na administração do Caps (leia mais abaixo).

Nelly Alves Barbarino, de 35 anos, tem dois filhos, João Pedro, de 7 anos, e Nicole Vitória, de 13 anos, e ambos frequentam o Caps. Ela conta que o local não tem psicólogos nem terapeutas suficientes para atender a demanda de crianças, mas que pode contar com o Caps em situações de emergência.

“Nós já sofremos com a administração atual. Falta acolhimento, profissionais qualificados no espaço, não tem terapia ocupacional e agora querem dar concessão à Fundação ABC, que nem o básico atendem. Tenho um filho autista e uma filha com deficiência intelectual, nós precisamos desse serviço e precisamos dele com qualidade”, afirma Nelly.

 

“Eu frequento a UBS do Jardim Roseli, que é administrada pela fundação. Lá não tem clínico, não tem psiquiatra, a fila de espera da psicóloga está enorme. Então, meu medo é eles passarem a administrar o Caps, meus filhos precisarem de um atendimento urgente e não ter.”

Vanessa Pereira Marins, de 42 anos, organizou a manifestação desta terça em frente ao Caps. Seu filho, Paulo Miguel, de 11 anos, frequenta o local desde 2016 e já teve problemas por conta de uma troca de equipe. Ele é autista e sofre com crises de epilepsia.

Fachada do CAPS IJ São Mateus — Foto: Arquivo pessoal
Fachada do CAPS IJ São Mateus — Imagem: Arquivo pessoal

Vanessa conta que antes da pandemia já enfrentava problemas com o atendimento e que em 2019 a unidade passou meses sem médico. “Meu filho toma oito medicações controladas, tivemos que nos reunir e ir até a Subprefeitura pedir que encaminhassem uma equipe para o Caps, isso foi em janeiro de 2020.”

“Comecei essa briga justamente por que meu filho teve regressão por causa de uma troca de equipe. Com essa médica que está lá hoje, eles já estão acostumados. Se troca de uma hora para outra, é ruim para o tratamento. Da última vez que isso aconteceu, recebemos um médico que não verificou o prontuário do meu filho e acabou mudando a medicação dele.”

“Nunca tive um atendimento adequado para o meu filho”, afirma Vanessa. “Somente o básico, um psiquiatra e uma enfermeira. Por muito tempo pedimos o mínimo do mínimo, uma fonoaudióloga, uma equipe multidisciplinar. Já ficamos até sem médico lá.”

Mães que participaram da manifestação contaram ao g1que funcionários da Coordenadoria Regional de Saúde Leste foram até o local e marcaram uma reunião para 25 de novembro com a Coordenação, a Supervisão Técnica de Saúde São Mateus e o Conselho de Saúde representativo do Caps IJ para tratar da administração do local.

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A Fundação ABC afirma que “desde 2015 responde pela gestão de diversas unidades da Rede Assistencial da Supervisão Técnica de Saúde (STS) São Mateus, com elevados índices de satisfação da população atendida, além de equipes técnicas e assistenciais altamente capacitadas”, destaca que “não responde pela gestão da unidade e não tem informações sobre eventual mudança na administração, tampouco sobre questões estruturais e do corpo assistencial”.

O g1procurou a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, mas, até a publicação desta reportagem, não teve retorno.


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