Casos de mordidas de morcegos aumenta em 700% em Cidade Tiradentes em 2019

Morcego - Leste Online
Morcego sendo analisado em laboratório — Foto: Reprodução/TV Globo

Maioria dos acidentes aconteceu na área de Proteção Ambiental (APA) do Iguatemi, local utilizado por muitos fiéis que vão para o chamado ‘monte da oração’; mais de 50 pessoas foram mordidas

G1
21/08/2019 – 20:01


 

Morcego - Leste Online
Morcego sendo analisado em laboratório — Foto: Reprodução/TV Globo

 

SÃO PAULO — O número de casos de mordidas de morcegos aumentou 700% neste ano no bairro de Cidade Tiradentes, na Zona Leste de São Paulo, em comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo a coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), em 2018, sete pessoas foram atendidas por mordidas do animal na Unidade de Vigilância em Saúde (UVIS) do bairro, já em 2019, o número de atendimentos neste hospital pela mesma razão subiu para 56.

A maioria dos acidentes aconteceu na área de Proteção Ambiental (APA) do Iguatemi, local utilizado por muitos fiéis que vão para o chamado “monte da oração”. A região é o habitat natural dos morcegos.

De acordo com a Covisa, na capital paulista também houve aumento. Em 2018, foram registradas 106 acidentes com mordidas de morcego enquanto que até agosto de 2019 já foram registradas 164 ocorrências desse tipo, incluindo as 56 de Cidade Tiradentes.

Segundo a Divisão de Vigilância de Zoonoses (DVZ), no Brasil são conhecidas mais de 167 espécies de morcegos as quais se alimentam de maneiras diferentes. Os que vivem na área urbana costumam se alimentar de insetos, frutas folhas, néctar e pólen de flores. Os que se alimentam de sangue são chamados de hematófagos e, normalmente, se concentram em áreas rurais.

“Em todo mundo temos mais de 1.000 espécies de morcego e apenas 3 espécies tem o hábito alimentar de sangue. São casos muitos raros e os morcegos não costumam migrar do habitat deles em busca de pessoas para se alimentar, além disso, dentro das espécies de morcegos hematófagos eles têm uma preferência por sangue de outros mamíferos. Se nós seres humanos aparecermos dentro do raio da área dele nós seremos potenciais fontes de alimento para ele”, disse em entrevista ao G1, Angélica Campos que fez pós-doutorado no Instituto de Ciências Biomédicas da USP e que estudou o vírus da raiva em populações de morcegos.

O que fazer se encontrar um morcego

Segundo recomendações da Divisão de Vigilância de Zoonoses (DVZ), quando uma pessoa se depara com um morcego caído no chão, voando durante o dia, ou dentro de residências lojas ou prédios, deve tentar cobri-lo com um pano, toalha ou caixa e ligar para o número 156 que é o número do Centro de Controle de Zoonoses.

Capturar o animal é importante, principalmente, se a pessoa sofreu uma mordida ou teve contato com o animal de alguma forma, já que ele pode estar contaminado pelo vírus da raiva e transmiti-lo para seres humanos.

“Se tiver esse tipo de vírus eles podem transmitir. Eles são como nós, uma pessoa com gripe pode transmitir gripe para outra. Um morcego com raiva pode transmitir raiva para outros animais”, disse Angélica Campos.

Além disso, se a pessoa sofreu uma mordida do morcego ou teve contato com o animal de alguma forma é importante que procure serviço de saúde para tomar vacina ou soro.

Para pessoas que frequentam lugares, como por exemplo, áreas de matas, retiros, acampamentos ou visitam grutas e cavernas é importante que utilizem botas, meias compridas, calças, camisas de manga longa e sigam as orientações dos guias em visitas a grutas e cavernas.

Raiva

A busca por tratamento médico logo após a possível contaminação pelo vírus da raiva é essencial para garantir a sobrevivência daqueles que possivelmente foram contaminados. Após o início dos sintomas, quase todos os pacientes acabam não sobrevivendo.

Os sintomas são:

•Alterações de comportamento – confusão mental, desorientação, agressividade, alucinações

•Espasmos ao sentir água ou vento – hidrofobia

•Mal-estar geral

•Aumento de temperatura

•Náuseas

•Dor de garganta