Distrito teve 42 vezes mais casos de feminicídio do que outros 65 bairros da cidade, de acordo com dados divulgados nesta quinta (21) pelo Mapa da Desigualdade, da Rede Nossa SP
g1
SÃO PAULO — As mulheres morreram 42 vezes mais após serem vítimas de feminicídio em Guaianases, no extremo da Zona Leste de São Paulo, do que em 65 distritos da cidade. (Veja lista abaixo). O feminicídio ocorre quando a mulher é vítima de homicídio doloso (quando há intenção de matar) pela condição do sexo feminino.
O estudo do Mapa da Desigualdade 2021 foi divulgado nesta quinta-feira (21) pela Rede Nossa São Paulo, com base em dados de 2020 dos 96 distritos da capital paulista.
No ano passado, Guaianases registrou uma média de 9,5 feminicídios, para cada dez mil mulheres residentes de 20 a 59 anos, contra nenhum caso registrado em vários bairros de todas as regiões da cidade.
Um caso de feminicídio que registrou grande repercussão em Guaianases foi a morte de Nathalia Saldanha, de 18 anos, que foi assassinada pelo ex-companheiro Luis Felipe Oliveira, em outubro do ano passado. O assassino invadiu uma festa da família e esfaqueou Nathalia; a mãe dela, Priscila; o padrasto, Waldick Santos e mais duas pessoas, inclusive uma criança de 10 anos.
O bairro do Brás, no Centro, é o segundo com o maior número de feminicídios, com uma média de 3,9 casos para cada dez mil mulheres que moram no local.
Socorro, na Zona Sul, aparece em terceiro lugar no ranking com uma média de 2,78 casos. Em seguida, na quarta posição , está o Parque do Carmo, com 2,74 registros.
Violência contra a mulher
Já o distrito da Sé, no Centro, é a região com o maior número de casos de violência contra a mulher. Foram registrados, em média, 750,5 casos de violência contra as mulheres de 20 a 59 anos para cada 10 mil moradoras da região.
O bairro da Vila Formosa, na Zona Leste, registrou 49,4 casos, em média, de violência contra a mulher, 15 vezes menos do que na Sé. Essa foi a região da capital paulista com o menor número de notificações de violência.
O distrito do Brás, que também fica no Centro da cidade, é a região com o segundo maior número de casos de violência contra as mulheres, com 597,4 casos.
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Paloma Lima, assistente de projetos da Rede Nossa SP, acredita que os casos de violência contra a mulher estejam concentrados no Centro devido a infraestrutura que existe para o atendimento das vítimas.
“É importante ressaltar que esses são dados por local de ocorrência. A primeira hipótese é que o Centro tem uma rede de serviços, uma infraestrutura de atendimento, de rede de apoio muito mais extensa do que outros territórios, segundo por uma reorganização e disposição territorial, muitas mulheres têm que se deslocar para a região central para trabalhar e isso se torna para registrar e se sentir mais protegida e, por último, nós temos uma hipótese que a região central tem uma Delegacia da Mulher que funciona 24 horas.”
A Lei Maria da Penha classifica a violência contra a mulher em cinco tipos: violência física (homicídio, tentativa de homicídio, lesão corporal e maus tratos); violência psicológica (constrangimento ilegal, ameaça); violência moral (calúnia, difamação e injúria); violência sexual (estupro) e violência patrimonial (invasão de domicílio e dano). É importante considerar que esse tipo de violência costuma ser subnotificada, ou seja, os números reais são maiores do que os casos registrados.
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