Passageiros enfrentaram uma situação de caos com ônibus lotados, trânsito e carros de aplicativo cobrando bem acima do normal por causa da “tarifa dinâmica”
Diário do Transporte
SÃO PAULO — Terminou a greve de ferroviários das linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).
Os trabalhadores pararam à zero hora desta terça-feira, 24 de agosto de 2021, porque não concordavam com o parcelamento de reajuste salarial oferecido pela estatal.
O “acordo” entre o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Central do Brasil e o secretário dos Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, ocorreu numa inusitada “negociação” ao vivo entre as duas partes num programa vespertino de TV.
Além da diminuição de dez para cinco parcelas do reajuste, o secretário disse que vai readmitir dez funcionários desligados nesta terça-feira (24) pela greve.
O secretário-geral do sindicato, Alexandre Mucio, se comprometeu ao apresentador/mediador, José Luiz Datena, da TV Bandeirantes, que os trens voltariam em cerca de 40 minutos.
A promessa foi feita por volta de 18h.
Por ser uma negociação informal, não houve nenhuma homologação ou oficialização do suposto acordo, valendo as palavras das partes ditas ao vivo.
Por telefone ao sindicalista, antes da exibição ao vivo, Baldy disse que não podia garantir a readmissão dos dez trabalhadores, postura que foi mudada no ar.
A população sofreu com a paralisação.
Ônibus ficaram lotados, o trânsito congestionado, principalmente na zona Leste da capital paulista, e os carros de aplicativo, por causa da tarifa dinâmica, cobraram valores muito superiores ao normal em razão da alta procura.
Houve relatos de atraso na ida ao trabalho de diversas pessoas e algumas perderam até mesmo consultas médicas marcadas há meses.
Por solicitação da CPTM, a SPTrans (São Paulo Transporte), gerenciadora dos ônibus municipais, acionou a operação PAESE (Plano de Atendimento entre Empresas em Situação de Emergência) cobrindo partes dos trechos das linhas de trem afetadas.
Pelo fato de os ônibus não terem prioridade no viário urbano, ficando presos nos congestionamentos, a capacidade de atendimento destes coletivos foi afetada.
Para amenizar a situação, a prefeitura de São Paulo suspendeu o rodízio municipal.
Na linha 11- Coral, as operações foram parciais entre as estações Luz e Guaianases (ficando paradas entre Estudantes e Guaianases). As linhas 12 e 13 foram paralisadas totalmente.
As demais linhas da CPTM (7-Rubi, 8-Diamante, 9-Esmeralda e 10-Turquesa), do Metrô (1-Azul, 2-Verde,3-Vermelha), da ViaQuatro (4-Amarela-metrô), da ViaMobildiade (5-Lilás-metrô) e o monotrilho da linha 15-Prata (de responsabilidade da Companhia do Metropolitano) não foram afetadas pela greve.
Isso porque, o Sindicato dos Metroviários representa os trabalhadores do Metrô, ViaQuatro, ViaMoblidade e monotrilho e o os trabalhadores das linhas 7,8,9e 10 da CPTM são filiados a outros sindicatos que não é o mesmo das linhas 11, 12 e 13.
A CPTM ofereceu reajuste de 4% para ser pago em agosto de 2021 e mais 6% em janeiro de 2022. O reajuste de 2020 retroativo, pela proposta antes da greve dos ferroviários das linhas 11, 12 e 13, seria pago em dez parcelas mensais a partir de fevereiro de 2022.
O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Central do Brasil quer reposição de inflação e retroativo pago em agosto e setembro.
A Justiça determinou 70% do efetivo nos horários e pico e 450% nas demais horas o que, segundo a CPTM, não foi cumprido. Por isso, a entidade sindical está sujeita a uma multa de R$ 100 mil por dia.