Pacientes narram que os hospitais do Tatuapé e Carmen Prudente, em Cidade Tiradentes, têm macas pelos corredores, falta de medicamentos e funcionários para atender a alta demanda
g1
SÃO PAULO — Em meio à uma crise acentuada de casos de dengue, dois dos maiores hospitais públicos municipais da Zona Leste de São Paulo enfrentam uma situação aguda de superlotação.
Uma equipe de reportagem flagrou vários problemas nos hospitais do Tatuapé – o maior da rede municipal de saúde – e Carmen Prudente, em Cidade Tiradentes.
Além da superlotação, esses hospitais enfrentam problemas de infraestrutura como elevadores interditados, falta de medicamentos e material de apoio para pacientes e familiares acompanhantes.
Relatos ouvidos pela TV Globo dão conta de que as famílias têm comprado material para poder ofertar aos entes internados no Hospital do Tatuapé, por exemplo.
Quem comprou os remédios usados por ela no hospital foi o irmão dele. Ela é diabética e estava com um pequeno machucado no dedo do pé. Agora já está quase perdendo o pé por causa dos ferimentos.
“Você conversa com um, com outro [no hospital], pede informação. E eles dizem que você tem que vir no horário da visita, das 15h30 às 16h30. Aí o médico vai passar aqui, conversa com vocês e explica como tá a situação. Chega na hora da visita não aparece o médico. Você tem que ir pro oitavo andar. Sobe no 8º andar e chega lá não tem ninguém que possa dar explicação. Fica a Deus dará e ninguém sabe o que fazer”, disse o motorista.
A dona Roseli Caruzo, mãe do Fábio, contou que ficou dois dias sentada numa cadeira antes de conseguir a vaga num quarto.
Mas, agora que foi internada, a situação não melhorou muito: os quartos do Hospital Tatuapé não têm ventilação. e ela sofreu muito durante os dias de calor intenso dessa semana.
“Eu já estou começando a me sentir mal. Com o calor que faz aqui em SP, ninguém aguenta ficar fechada assim como eu tô. Nem bicho aguenta, quanto mais o ser humano”, disse.
“Procurei a enfermagem e perguntei se poderia trazer um ventilador pra deixar aqui no quarto pra ela, mas me foi informado que não, porque o ventilador prolifera vírus e bactérias”, disse Felipe Caruzo, outro filho da Dona Roseli.
Cidade Tiradentes
No Hospital Municipal Carmen Prudente, administrado pela organização social Santa Marcelina, em Cidade Tiradentes, a situação não é diferente.
A unidade é um hospital para casos de média complexidade de portas abertas. Atende 17 mil pessoas no pronto-socorro e tem 245 leitos.
Mais uma vez fica claro que a conta está longe de fechar. o hospital tem macas para todos os lados, até na frente dos elevadores.
Na enfermaria, é uma maca colada na outra, sem qualquer privacidade. Quem está nos corredores não tem como ter acompanhantes e a alimentação, invariavelmente, fica nas cadeiras porque não há quem dê apoio para o paciente se alimentar.
Parentes de pacientes internados preferem não se identificar. eles elogiam o trabalho de médicos e funcionários, apesar da sobrecarga de trabalho.
“Eu quero pedir para que coloquem mais enfermeiros e médicos, porque eles são uma equipe maravilhosa. Só precisam de respaldo”, disse uma paciente.
“Os leitos tão ocupados. Um monte de gente nos corredores e a cada hora chegando mais. Tá muito complicado”, afirmou.
O que diz a Prefeitura de SP
A secretária-executiva de Atenção Hospitalar da Secretaria de Saúde de São Paulo, Marilande Marcolin, disse que o Hospital do Tatuapé será reformado.
“Ele deve entrar numa reforma que deve iniciar no 2° semestre, onde nós pretendemos fazer a climatização e a modernização de vários setores do prédio do hospital. Com isso, nós vamos conseguir ampliar o número de leitos, trazer a área de climatização para 100% das áreas do hospital e trazer a melhoria para o atendimento da população e para o trabalho dos funcionários”, disse.
Marcolin também afirmou que a dona Roseli deve passar por uma cirurgia na próxima terça-feira (26).
Ela também confirmou que uma UPA deve ser construída em frente ao hospital de Cidade Tiradentes para aliviar a demanda da unidade.