O terreno principal será utilizado não apenas para os pontos de ônibus como para os acessos subterrâneos para a Linha 2-Verde e também as duas plataformas da CPTM na superfície
SÃO PAULO — Imovéis em terrenos desapropriados estão passando por demolição. Estação fará a ligação do ramal do Metrô com as linhas 12 e 13 da CPTM.
Prevista para a segunda fase das obras de extensão da Linha 2-Verde até Guarulhos, a futura estação Tiquatira terá papel importante na malha metroferroviária por permitir a interligação do ramal do Metrô com as linhas 12-Safira e 13-Jade da CPTM, além de contar com um terminal de ônibus. E a boa notícia é que os terrenos onde serão construída a estação já estão sendo liberados para as futuras obras.
Imagens de demolições dos imóveis mostram que a imensa área destinada à construção começa a ser preparada para que a Linha 2 avance após Penha, atualmente a estação terminal da primeira fase. Entre elas está também a estação Penha de França, localizada mais próxima ao centro do bairro e cujos terrenos já estão liberados há bastante tempo. Segundo declaração do secretário Alexandre Baldy, dos Transportes Metropolitanos, a extensão até Dutra depende justamente do avanço das desapropriações para que os lotes recebam a ordem de serviço para que as obras comecem.
Tiquatira faz parte do Lote 6, em conjunto com a estação Aricanduva, da primeira fase, será construída pelo consórcio Cetenco Acciona F. Guedes. Para viabilizá-la, o governo do estado desapropriou uma área de quase 30 mil m² composta por três terrenos, um deles tão grande que fará desaparecer três ruas no local. Eles ficam localizados ao lado da faixa de domínio da CPTM por onde passam as linhas 12 e 13 (serviços Connect e Airport Express) e são necessários sobretudo para comportar o terminal de ônibus.
Segundo o projeto desenvolvido pela empresa Arcadis, o terreno principal será utilizado não apenas para os pontos de ônibus como para os acessos subterrâneos para a Linha 2-Verde e também as duas plataformas da CPTM na superfície. Projeções divulgadas pelo escritório mostram uma estação bastante ampla com três pisos subterrâneos além de uma passarela fora da área paga para facilitar o acesso dos moradores de ambos os lados da via da CPTM. Nos outros dois terrenos serão construídos dois acessos, incluindo o que ficará ao lado da favela de Tiquatira e que chegou a ser cogitada como local da estação.
A ocupação, aliás, demonstra como o poder público perde enormes chances de evitar problemas futuros. O local chegou a ser ocupado em 2008, na mesma época em que a prefeitura construiu o CEU Tiquatira ao lado. Em 2010, no entanto, o terreno foi desocupado por medida judicial movida por quem? O próprio governo do estado, cujo terreno de quase 47 mil m² daria origem a um conjunto habitacional da CDHU. Mas a obra nunca aconteceu e quatro anos depois ele foi novamente ocupado e hoje moram no local ao menos 10 mil pessoas. Entre urbanizar a favela e abrir espaço para a estação, o governo preferiu pagar para que os moradores do outro lado da linha do trem deixassem seus imóveis.
Há alguns anos, a gestão do ex-governador Geraldo Alckmin chegou a propor uma PPP (Parceria Público-Privada) para construir um complexo com unidades habitacionais, comércio, shopping e parque no local. O projeto era de responsabilidade do então secretário estadual de Habitação, Rodrigo Garcia, hoje vice-governador. Desde que foi apresentado em 2016, nunca mais se ouviu falar nada sobre ele.
Requalificação da região
Apesar do descompasso do estado, é de se esperar uma mudança importante na região onde a estação Tiquatira (também chamada de Gabriel Mistral pela CPTM) será erguida. Próxima à Marginal Tietê, a nova parada requalificará seu entorno, atraído pela facilidade proporcionada pelas três linhas sobre trilhos que serão operadas no local. Numa estimativa mais antiga, o Metrô estimava um público diário de 50 mil usuários apenas na Linha 2-Verde.
Mas o potencial do complexo é maior. Ao estender a Linha 13-Jade de Engenheiro Goulart, Tiquatira permitirá que os passageiros oriundos do aeroporto possam chegar à região da avenida Paulista como apenas uma troca de trens. A futura estação também preencherá uma enorme lacuna que existe na Linha 12 a partir de Tatuapé. Isso sem falar na facilidade de realizar a baldeação para as linhas 11-Coral e 3-Vermelha e que circulam perto da região e só são acessíveis por ônibus.
Resta agora aguardar que o Metrô consiga desapropriar todos os terrenos que faltam para levar a Linha 2 até Dutra, já no município de Guarulhos, para que o ramal possa ser expandido após Penha. Logo isso se tornará realidade para a região do Tiquatira.
* Com informações da página Venha Que Eu Sou da Penha
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