Imperial cobra da SPTrans ajuste na remuneração. Trabalhadores dizem que pagamentos atrasam constantemente
SÃO PAULO (DIÁRIO DO TRANSPORTE) – Passageiros que dependem dos ônibus da empresa Imperial Transportes Urbanos, que opera em parte das zonas leste e sul da cidade de São Paulo, têm encontrado dificuldades.
As reclamações são principalmente em relação à longa espera nos pontos e descumprimento de horários e itinerários.
A empresa é originária da Cooperativa de Transportes Alternativos Nova Aliança e opera a área 5 Sudeste (verde escuro) do subsistema local da cidade.
São 11 linhas municipais e uma frota de 151 veículos, entre ônibus e micro-ônibus.
A SPTrans – São Paulo Transporte, gerenciadora do sistema da capital paulista, questionada pelo Diário do Transporte sobre a prestação de serviços da empresa, informou que já multou a Imperial, entre janeiro e outubro (último período consolidado), 1.087 vezes por descumprir o número de partidas programadas para cada faixa horária ou o número de viagens programadas. Ainda de acordo com a SPTrans, estas multas somam R$ 366 mil.
A empresa de ônibus renegocia com gerenciadora a correção da remuneração do contrato de prestação de serviços. Desde 2014, as operações no subsistema local (ex-cooperativas) são regidas por contratações emergenciais, e, desde 18 de julho de 2018, as empresas do subsistema estrutural (viações que têm os ônibus maiores) também operam por meio de contratos emergenciais. A prefeitura queria renovar mais uma vez os aditivos contratuais com as viações do subsistema estrutural, como vinha fazendo desde 2013, mas no entendimento do TCM – Tribunal de Contas do Município, não seria mais possível a renovação dos aditivos e recomendou a celebração de contratos emergenciais também com estas empresas.
Trabalhadores da Imperial, sob condição de anonimato, disseram que a empresa tem atrasado pagamentos de direitos, benefícios e parcelado os salários, além de possuir dívidas e poder perder a garagem onde está por falta de pagamento de aluguel.
O Sindmotoristas, que representa os profissionais em transportes da capital paulista, confirma as dificuldades enfrentadas por quem trabalha na empresa.
“Houve trabalhadores que chegaram até a gente e relataram os atrasos nos recebimentos, como do vale [antecipação de uma parte pagamento conforme a convenção trabalhista], do depósito dos salários. O sindicato vai se reunir para ver que posição tomar no caso da Imperial que alega que recebe defasado da SPTrans” – disse ao Diário do Transporte, por telefone, o tesoureiro do Sindmotoristas, Valdemir dos Santos Soares.
O responsável pelas operações da Imperial Transportes, Fabiano Tadeu Farias Leite, por telefone, disse ao Diário do Transporte na tarde desta quarta-feira, 05 de dezembro de 2018, que a companhia passará por uma remodelação na forma de prestação de serviços.
Segundo Leite, grande parte dos problemas de descumprimento de horários e itinerários deve ser resolvida com ações de treinamento e capacitação dos motoristas.
Fabiano Tadeu Farias Leite disse ainda que entre dezembro e janeiro, a frota deve contar com novos ônibus, que seguem os padrões atuais da SPTrans, com ar-condicionado, equipamentos de acessibilidade e vidros colados.
Sobre os salários e direitos, o responsável pela área operacional disse ao Diário do Transporteque nesta terça-feira, 04, foram feitos os pagamentos e questão foi regularizada.
Fabiano Tadeu Farias Leite ainda afirmou à reportagem que há atrasos de cinco meses em repasses da SPTrans à empresa, o que traz dificuldades financeiras.
A respeito da garagem, Leite disse que se trata de um contrato com opção de compra e que há possibilidades de que a empresa venha ocupar outro espaço.
Assassinatos
No ano passado, um diretor da empresa e um dono de ônibus usados pela Imperial foram assassinados na porta da garagem, na rua Leandro de Sevilha, no Parque Novo Lar, região de Sapopemba, zona leste de São Paulo.
O primeiro caso ocorreu no dia 28 de novembro de 2017. Um dos diretores-proprietários da Imperial Transportes Urbanos Ltda, Thiago Celso Zanetti, chegava à garagem quando um homem se aproximou a pé, segundo testemunhas, disparou contra o carro dirigido por Zanetti e fugiu.
O diretor da Imperial chegou a ser socorrido no PS Benedicto Montenegro, na região, mas não resistiu aos ferimentos.
Menos de um mês depois, no dia 16 de dezembro de 2017, José Ediler de Oliveira, dono de ônibus usados pela companhia, saía da garagem da empresa no final da manhã, em seu carro Vectra, quando foi cercado por um carro e uma moto. Os ocupantes começaram a disparar, fugindo em seguida.
A polícia contabilizou ao menos nove disparos. Três deles atingiram Oliveira na cabeça, que não resistiu e morreu na hora.
O crime aconteceu na rua Leandro de Sevilha, a 50 metros da garagem.
Os casos ainda são investigados e a polícia não descarta que a motivação seja uma disputa interna de poder desde a época quando a empresa era cooperativa.
Texto: Adamo Bazani