Um ano após início da quarentena, SPTrans ainda mantém frota de ônibus reduzida

Ponto de Ônibus - Leste Online
Ponto de ônibus na Vila Nova Cachoeirinha, zona norte de SP (Paula Rodrigues/32xSP)

1.506 coletivos deixaram de circular por conta da quarentena e ainda não voltaram às ruas; SPTrans garante manter operação acima da média

Lucas Landim – 32xSP


SÃO PAULO — Diariamente, a professora Beatriz Marques, 25, usa duas linhas de ônibus e duas linhas de metrô para chegar até o trabalho. Antes da pandemia de Covid-19, cuja quarentena começou em março do ano passado, Beatriz gastava uma hora e meia no trajeto entre a sua casa em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, até a escola em que trabalha no Alto de Pinheiros, na Zona Oeste.

Com a volta às aulas em janeiro, a professora retornou ao trabalho presencial. Ela diz ter notado que o período em que passa no transporte aumentou consideravelmente, saltando para duas horas.



“Antes eu sofria um pouco com a demora dos ônibus, mas agora está cada vez pior. Essa semana, já fiquei mais de 40 minutos esperando no ponto”
Beatriz Marques, professora

A causa da demora no trajeto de Beatriz pode ser mesmo fruto da redução do número de ônibus em circulação.

Segundo dados da SPTrans (São Paulo Transporte), a frota de ônibus da cidade de São Paulo operava com 12.814 veículos no início de março de 2020. Nesse período, a frota transportou 3,2 milhões de passageiros.

Com o avanço da pandemia, e após o primeiro decreto de quarentena em 22 de março, a demanda caiu significativamente. Em 25 de março, foram transportados 869 mil passageiros, uma queda de 73%. Isso motivou a prefeitura a reduzir a frota.

Atualmente, quase um ano após a data, o transporte por ônibus da cidade de São Paulo ainda opera com menos ônibus. No total, 1.506 deles deixaram de circular na cidade por conta da quarentena e ainda não voltaram às ruas.

No último dia 12 de fevereiro, os coletivos da cidade transportaram 2 milhões de passageiros, enquanto o número de ônibus circulando foi de 11.308 (88,25% da frota total).

Críticas

No ano passado, a prefeitura e a SPTrans já haviam recebido críticas por manter a frota de coletivos reduzida.

Em junho, o desembargador Fernão Borba Franco, da 7ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), determinou que a SPTrans colocasse de 92% a 100% da frota de ônibus em circulação, atendendo a um pedido do Sindicato dos Motoristas. A prefeitura recorreu.

Já em agosto, 41% dos paulistanos disseram que o governo municipal deveria aumentar o número de coletivos nas ruas, segundo a pesquisa “Viver em São Paulo: Especial Pandemia”, da Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope.

De acordo com os entrevistados, essa seria a principal medida para garantir a segurança de usuários e trabalhadores do transporte em relação ao contágio pela Covid-19.

Em nota, a SPTrans garante que mantém a frota operando em níveis acima da demanda apresentada. “Nos bairros mais afastados do centro”, a empresa diz que a operação em dias úteis conta com 93,34% da frota de veículos em relação ao período anterior à pandemia.