Funcionários do Hospital de Guaianases protestam contra terceirização e falta de estrutura

Hospital de Guaianases - Leste Online
Funcionários do Hospital de Guaianases, na Zona Leste de SP, fazem protesto contra terceirização nesta terça-feia (12) — Foto: Reprodução/Facebook
Protesto aconteceu após o anúncio de que gestão será feita por Organização Social (OS) e atuais funcionários serão transferidos para outro hospital. Contrato com a OS Santa Marcelina é de R$ 30 milhões em seis meses, segundo governo paulista

G1
12/05/2020


Hospital de Guaianases - Leste Online
Funcionários do Hospital de Guaianases, na Zona Leste de SP, fazem protesto contra terceirização nesta terça-feia (12) — Foto: Reprodução/Facebook

SÃO PAULO — Funcionários do Hospital Geral de Guaianases, na Zona Leste de São Paulo, fizeram um protesto na manhã desta terça-feira (12) contra a terceirização da unidade de saúde. O hospital estadual passará a ser gerido pela Organização de Saúde (OS) Santa Marcelina, que firmou convênio com o governo de São Paulo por seis meses no valor de R$ 30 milhões, segundo a Secretaria Estadual da Saúde.

São mais de mil trabalhadores concursados que correm o risco de sair de seus postos em meio à pandemia de Covid-19.

De acordo com o sindicato dos trabalhadores do setor de saúde, o SindSaúde, em reunião com os trabalhadores na quarta-feira (6), a gestão do hospital informou que os trabalhadores não poderão ficar na unidade, pois a OS virá com equipe completa e não haverá postos para permanência no local. Com isso, os trabalhadores seriam transferidos para o Hospital Geral de São Matheus, sem que houvesse outras opções.

Durante o protesto desta terça-feira (12), uma funcionária fez um relato emocionado e reclamou de ter de deixar o hospital após 28 anos de trabalho no local: “Agora do dia para a noite dizem que não somos mais necessários porque o hospital foi entregue para a OS”, relata.

Os trabalhadores temem que haja perda salarial com essa transferência, pois dependendo do local para onde forem realocados, podem ficar sem o adicional de insalubridade, que pode chegar ao máximo de 40%, ou seja, R$ 702,12. Esse valor seria importante para os trabalhadores que já reclamam dos baixos salários e dizem estar há anos sem aumento real.

A secretaria da Saúde diz, porém, que os funcionários serão remanejados temporariamente para outros hospitais da rede estadual de saúde e seus empregos estão garantidos.

Falta de equipamentos e remédios

 

De acordo com a funcionária do Hospital de Guaianases, a unidade também sofre com falta de material e de pessoal para executar os serviços essenciais: “um só fazendo o serviço de 4, 5 pessoas, aí de repente vai entrar uma OS que ganha milhões e nós não servimos para mais nada?”, afirma.

Os funcionários que protestavam em frente ao hospital relatam que a unidade está com elevadores quebrados, falta de medicação e falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).

“Não tínhamos seringa, medicação, cadeira decente para trabalhar… Cadeira de rodas é uma só quebrada para a população inteira, remendada com fita crepe. O mesmo elevador que sobe a comida, desce o morto com Covid-19 porque o outro está quebrado. São mais de 15 anos com o elevador quebrado. Quando conserta de manhã, chega de tarde está quebrado. Subimos de escada correndo para o doente não passar necessidade. Agora vão colocar 4 elevadores, vai ter ferramentas para os meninos, que usavam as que traziam de casa. Para a OS tem milhões e para nós se precisávamos de R$ 10 para uma Dipirona não tinha.”

 

Melhorias

 

Os relatos dos funcionários dão conta que, só após o anúncio da terceirização pelo valor de R$ 30 milhões é que o hospital passou a receber equipamentos, material de proteção e até um contêiner.

Em nota, a secretaria da Saúde diz que mais que dobrou a aquisição de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e materiais hospitalares e todas as unidades estaduais estão abastecidas.

“Já foram adquiridos 96,6 milhões de itens desse tipo. Os hospitais seguem todos os protocolos de segurança para profissionais de saúde e pacientes, assistindo qualquer pessoa que necessitar de atendimento”, diz o órgão.

De acordo com a secretaria de Saúde, serão abertos dez novos leitos na unidade de saúde, ampliando para 20 a capacidade da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) adulto, além de mais 18 leitos clínicos.

A OSS Santa Marcelina ficará encarregada de fornecer equipes profissionais completas e gerir 20 leitos de UTI, 140 leitos de clínica médica e obstetrícia exclusivos para atendimento de pacientes com a Covid-19.

A pasta acrescenta que o contêiner citado pelos empregados será usado como um centro de triagem para casos de suspeita de coronavírus fora do hospital, como já ocorre em outros serviços. Para acondicionar corpos de vítimas fatais já há uma câmara refrigerada no local.

Em nota, a secretaria da Saúde diz também que a pasta “segue trabalhando na melhoria do serviço e atendimento a população da região e por isso investiu R$ 976 mil para abertura dos novos leitos. A unidade conta com dois elevadores em pleno funcionamento e dois estão em manutenção, sem prejuízo na rotina dos serviços.”