Criminosos cobram por exames e cirurgias que não foram feitas. Vítima gravou telefonema que recebeu de bandido
Golpistas se aproveitam da fragilidade emocional de famílias que têm parentes internados para pegar dinheiro delas em São Paulo. Os criminosos se passam por médicos e cobram por exames e procedimentos que não foram feitos.
Os bandidos têm acesso a nomes e números de telefone de parentes de pacientes e usam esses dados para aplicar os golpes.
Com o pai internado há quase um mês devido a um infarto na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Aviccena, no Belenzinho, Zona Leste da capital, a secretária Fátima Fechio foi vítima de uma tentativa de golpe.
Ela recebeu uma ligação de uma pessoa se identificando como doutor Marcos Aurélio, diretor do centro médico. “Eu pude constatar agora pela parte da manhã infecção sanguínea ainda não generalizada muito perigosa e agressiva, que está atuando entre o pâncreas e ao fígado, e que pode se generalizar em uma múltipla falência de órgãos em pouco tempo. Fiz todas as baterias de exames e o pagamento, né. O pagamento ficou no valor de R$ 3.500”, disse o golpista.
O hospital não tem nenhum doutor Marcos Aurélio e Fátima não pagou porque já tinha ouvido falar do golpe. “Outras pessoas aqui do hospital também receberam, inclusive tem algumas pessoas que fizeram o depósito dos mais variados valores.”
O golpista avisa que o pagamento tem que ser feito por depósito bancário e dá uma conta em nome de outra pessoa, que fica em Rondonópolis, no Mato Grosso.
A direção do hospital não sabe como os golpistas conseguem as informações dos pacientes. “Sempre quando ocorre, a gente faz as nossas triagens, nossas verificações, mas até hoje não teve como constatar diretamente o envolvimento de alguma pessoa do hospital”, disse o diretor financeiro do hospital, Marcos Rocha.
O assédio dos golpistas às famílias de pacientes começou em fevereiro. Alguns parentes procuraram o hospital e a direção tomou uma medida rápida: colocou avisos de que há golpes telefônicos. Entre os lugares onde o cartaz foi colocado estão a porta da UTI, a entrada do centro médico e até no contrato de internação.
Apenas nesta quinta-feira (21), parentes de duas pessoas internadas procuraram o hospital para avisar que quase caíram no mesmo golpe.