Vítima tinha 42 anos e não havia sido imunizada, segundo Secretaria Estadual da Saúde. Balanço da semana passada registrou no estado 2.457 casos da doença, sendo 66% na capital
G1
28/08/2019 – 14:28
SÃO PAULO — A Secretaria Estadual da Saúde anunciou na tarde desta quarta-feira (28) a primeira morte provocada pelo sarampo na cidade e no estado de São Paulo desde o início do surto da doença neste ano. Segundo a secretaria, é a primeira morte no estado desde 1997.
A vítima é um homem de 42 anos, sem registro de imunização. Ele era morador de Itaquera, Zona Leste da capital, chegou a ficar internado no hospital e morreu em 17 de agosto. O homem não possuía o baço, órgão do sistema linfático responsável por, entre outras funções, produzir e armazenar células de defesa do corpo.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que fez bloqueio na região onde a vítima morava, no hospital, próximo à família dele e no local onde ele trabalhava. Além disso, aplicou vacinas nas pessoas que vivem ou trabalham nesses locais. A suspeita é que a vítima tenha contraído sarampo de duas sobrinhas.
O sarampo é uma doença altamente contagiosa que pode evoluir para complicações e levar à morte. De acordo com o balanço da Secretaria da Saúde divulgado na semana passada, o estado tem 2.457 casos da doença, sendo 66% na capital paulista, o que equivale a 1.637 pessoas contaminadas pela doença.
Segundo o último balanço nacional do Ministério da Saúde, referente ao período entre 19 de maio e 10 de agosto, 99% dos casos confirmados da doença foram no estado de São Paulo.
Vacinação
A Prefeitura de São Paulo decidiu prorrogar a campanha de vacinação contra sarampo para jovens de 15 a 29 anos e bebês de 6 meses a um ano de idade até o dia 31 de agosto. A recomendação é de que todos que fazem parte do público-alvo da campanha se imunizem, independentemente de já terem tomado as duas doses da vacina anteriormente.
Desde o início da campanha, a vacina está sendo oferecida nas Unidades Básicas de Saúde e em postos volantes montados em áreas de grande circulação, como estações de trens, metrô e terminais de ônibus, além de creches, escolas e universidades. (Veja a lista de postos onde é oferecida a vacina na capital).
A imunização deve seguir o seguinte esquema:
- Indivíduos de 12 meses a 29 anos de idade: 2 doses de tríplice viral com intervalo mínimo de 30 dias entre elas;
- Indivíduos de 30 a 49 anos de idade não vacinados: 1 dose de tríplice viral;
- Profissionais de saúde não vacinados: 2 doses com a vacina tríplice viral independente da idade, com intervalo mínimo de 30 dias entre elas.
- Ainda é indicada a vacinação de crianças de 6 meses a menores de 1 ano que vão se deslocar para municípios que apresentam surto ativo de sarampo. A imunização deve ser feita pelo menos 15 dias antes da viagem.
Casos em SP
O número de casos de sarampo em São Paulo em 2019 já é o maior registrado em duas décadas, segundo dados da secretaria. Durante muito tempo, apenas casos pontuais e importados de outros locais foram registrados no estado.
Desde a década de 90, os registros só ultrapassaram a casa do milhar em 1997, quando um surto da doença provocou 23,9 mil casos.
Foram registrados casos da doença nos seguintes municípios paulistas:
- Agudos – 1
- Americana – 1
- Aparecida – 1
- Araçariguama – 3
- Arthur Nogueira – 1
- Atibaia – 2
- Barueri – 34
- Bauru – 11
- Birigui – 1
- Biritiba-Mirim – 1
- Caçapava – 10
- Cajamar – 2
- Caieiras – 1
- Campinas – 23
- Carapicuíba – 37
- Catanduva – 1
- Cotia – 2
- Diadema – 6
- Embu – 1
- Embu-Guaçu – 2
- Fernandópolis – 28
- Ferraz de Vasconcelos – 2
- Franca – 8
- Francisco Morato – 12
- Franco da Rocha – 16
- Getulina – 1
- Guararema – 3
- Guaratinguetá – 1
- Guarulhos – 91
- Hortolândia – 3
- Indaiatuba – 7
- Itapecerica da Serra – 2
- Itapetininga – 1
- Itapevi- 1
- Itaquaquecetuba – 7
- Itu – 1
- Itupeva – 1
- Jacareí – 2
- Jaguariúna – 2
- Jales – 1
- Jandira – 2
- João Ramalho – 1
- José Bonifácio – 1
- Jundiaí – 5
- Limeira – 1
- Louveira – 1
- Macedônia – 1
- Mairiporã – 23
- Mariápolis – 1
- Marília – 1
- Mauá – 42
- Meridiano – 1
- Mogi das Cruzes- 8
- Olímpia – 1
- Osasco – 57
- Paulínia – 3
- Penápolis – 1
- Pedro de Toledo – 1
- Peruíbe- 6
- Piedade- 1
- Piracaia – 1
- Pirassununga – 1
- Pindamonhangaba – 3
- Poá – 5
- Praia Grande – 4
- Presidente Epitácio – 1
- Presidente Venceslau – 2
- Ribeirão Pires – 14
- Ribeirão Preto – 3
- Rio Grande da Serra – 2
- Santa Isabel – 1
- Santana de Parnaíba – 20
- Santo André – 126
- Santos – 28
- São Bernardo do Campo – 45
- São Caetano do Sul – 11
- São Carlos – 1
- São José do Rio Preto – 13
- São José dos Campos – 8
- São Paulo – Capital – 1.637
- Sertãozinho – 8
- Sorocaba – 15
- Sumaré – 3
- Suzano – 2
- Taboão da Serra – 2
- Taquaritinga – 1
- Taubaté- 4
- Vinhedo – 5
- Votuporanga – 2
- Total – 2.457
Surto no país
Antes considerado um país livre do sarampo, o Brasil perdeu o certificado de eliminação da doença concedido pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em fevereiro deste ano, após registrar mais de 10 mil casos em 2018. O surto aconteceu principalmente nos estados de Amazonas e Roraima.
Durante as décadas de 1970 e 80, o sarampo ainda era umas das principais causas de mortalidade infantil no Brasil. Até que, a partir de 1999, o país não registrou mais mortes pela doença, o que só voltou a ocorrer em 2018.