Álvaro Camilo, secretário executivo da Polícia Militar de SP, informou nesta segunda (29) que esses eventos são encerrados quando há condições de segurança para isso. A declaração ocorre após vídeo de médico viralizar ao mostrar som alto ao lado de Unidade de Pronto Atendimento onde estão pacientes com Covid-19
G1
SÃO PAULO — A Polícia Militar (PM) alegou que não acabou com a festa clandestina que aconteceu no último sábado (27) na Comunidade da Paz, ao lado de Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 de Agosto, na Zona Leste de São Paulo, para evitar um confronto com as cerca de 2.000 pessoas que estariam aglomeradas na rua, segundo a estimativa da corporação. O número exato não foi informado. Em vez disso, viaturas da corporação foram ao local onde o evento irregular acontecia e ficaram no “entorno” dele.
Segundo o coronel Álvaro Camilo, secretário executivo da PM no estado, declarou nesta segunda-feira (29) ao SP1, uma intervenção ali, naquele momento, com aquelas condições, “poderia ter muito mais gente ferida”.
A declaração do oficial da corporação foi dada depois de um vídeo gravado pelo médico Nelson David Müzel Neto, que trabalha na Unidade de Pronto Atendimento, que fica na Vila Carmosina, região de Itaquera, viralizar nas redes sociais.
Nas imagens, Müzel Neto diz que ele e a equipe médica não conseguiam conversar entre eles nem com os 73 pacientes com Covid-19 internados na UPA por causa do barulho que vinha da festa irregular que acontecia na comunidade vizinha. Alguns pacientes estavam em estado grave.
“Isso é uma falta de respeito com a gente, que está aqui dando o sangue para promover para esses pacientes qualidade de vida. Estamos trabalhando em condições insalubres. Isso é insustentável. A gente já está num nível de saturação que não dá para aguentar”, afirma o médico no vídeo que viralizou.
Além disso, o médico contou na gravação que havia chamado a Polícia Militar para acabar com a bagunça e o som alto no local, mas que não foi atendido.
O que diz a PM
A corporação alegou, porém, que foi ao local após uma denúncia anônima, mas não encerrou a festa por falta de segurança para realizar isso.
“Uma intervenção ali da polícia, num lugar com 2 mil pessoas, esse confronto poderia ter muito mais gente ferida e ser até pior para a pandemia”, alegou Camilo, ao justificar que a orientação em casos assim é a de não intervir.
“Se acontecer e tiver condições de fazer a intervenção e a dispersão de maneira segura, ela será feita. Se vai causar um dano maior, com pessoas feridas, a polícia não fará a intervenção”, afirmou o secretário da PM.
Ainda no domingo, a Secretaria da Segurança Pública (SSP), que é a pasta responsável pela Polícia Militar, havia divulgado uma nota lamentando o fato de que pessoas insistam em fazer festas clandestinas em meio à pandemia.
Segundo o comunicado, “a Polícia Militar foi acionada, por meio de denúncia anônima, encaminhou equipes para o local. Como a festa já estava instalada, a PM manteve o policiamento no entorno”.
Aglomerações estão proibidas durante a fase emergencial implantada pelo governo para tentar conter o avanço do vírus no estado. O barulho próximo a hospitais é vetado por lei.
“Lógico que no momento de pandemia as pessoas não deveriam fazer isso. Por isso que a polícia colocou mais 5.500 homens [policiais] por dia no estado de São Paulo para evitar as festas e tem evitado bastante”, afirmou Camilo.
O coronel divulgou números das ações recentes da PM que conseguiram acabar com festas clandestinas no estado. “As intervenções vão de mil a 1.500 para que elas não aconteçam”, disse o secretário, que não informou em qual período ocorreram essas ações policiais.
Médico que fez a denúncia
Em entrevista ao SP1 nesta segunda, Müzel Neto falou que decidiu gravar o vídeo porque a situação “estava insustentável” já que não era a primeira vez que acontecia uma festa clandestina ao lado da UPA em Itaquera.
“No outro final de semana, eu já tinha ligado inúmeras vezes para a polícia”, falou o médico, que também reclamou da falta de ação da PM para coibir o som alto.
Segundo Müzel Neto, a sensação é de frustração quando médicos observam da UPA que pessoas ficam se aglomerando em festas clandestinas, além de fazerem barulho, prejudicando pacientes com Covid, médicos e enfermeiros.
“Quando a gente vê pessoas no meio de uma festa, de festa clandestina, isso é uma sensação de frustração sem fim para a gente”, lamentou o médico. “A gente está combatendo uma doença chamada egoísmo, chamada narcisismo, chamada negacionismo por parte dessa população brasileira.”
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