A exposição Iluminados- Experiências Pioneiras em Cinema Expandido, está aberta à visitação no Sesc Belenzinho até o dia 15 de outubro, de terça a domingo. Entrada franca.
A mostra – com curadoria de Roberto Moreira S. Cruz – é uma antologia de obras pioneiras do cinema expandido, resultantes da experimentação da linguagem audiovisual, realizada entre os anos de 1960 e 1980, período em que os artistas se interessavam pelo entrecruzamento entre as artes visuais e o desenvolvimento das novas mídias.
Segundo o curador, “Iluminados traz uma seleção de trabalhos, de fundamental importância histórica, que utilizam o cinema como forma de expressão artística, relacionando possibilidades de explorar os recursos da imagem em movimento, da linguagem audiovisual e os diversos dispositivos de projeção, elaborados pelos artistas no contexto embrionário da arte contemporânea”.
Cinema expandido é o termo utilizado para tratar as muitas maneiras de trabalhar essa linguagem, ampliando-a e multiplicando-a para além da tela. Ao ser projetado em um espaço onde o espectador circula livremente, o filme ganha nova perspectiva, propondo narrativas descontínuas com outras formas de estímulos visuais e sonoros. E rompe com a obrigatoriedade de uma tela única e frontal, de um discurso audiovisual linear e sequencial.
O curador comenta: “Nestas condições, abrem-se possibilidades para se romper com a linearidade temporal da narrativa mais comumente realizada nos filmes para projeção em salas de cinema tradicionais. Na galeria ou no museu, o tempo de duração da exibição não segue a convenção do mercado institucionalizado do cinema. Contando com um espectador que transita livremente por este espaço, sem uma previsão de quanto tempo durará a sua audiência, o cinema expandido implica em filmes que podem não ter um tempo de duração padronizado, por sua ação dramática ou por uma história que transcorre com princípio, meio e fim. O filme pode, assim, ser elaborado para projeção em looping ou até mesmo para que seja assistido em parte, sem que isso comprometa a sua compreensão”.
A exposição é composta por nove trabalhos que formam um mosaico de informação visual de artistas que pesquisavam essas interfaces, propondo formas originais, incomuns, não arbitrárias de criação, experimentando com a técnica e a forma da imagem e do som. Todas as obras foram produzidas em película.
São elas: Lupe, de Andy Warhol (feito para dupla projeção com interpretação de Edie Sedgwick), Slides, de Annabel Nicolson(sequência de fragmentos de películas de 8 mm e 16 mm, diapositivos e filme velado, compondo uma longa e ininterrupta tira), Light Music, de Lis Rhodes (constituída de duas projeções voltadas uma para a outra e em telas opostas, esta filmeinstalação estabelece uma relação direta entre a imagem e o som), Hand Grenade, de Gill Eatherley (resultado de um processo de elaboração das imagens, a partir da captura do movimento da luz de uma lanterna), Conselhos de Uma Lagarta,de Regina Vater (filmeinstalação com duas telas dispostas em ângulo, uma em frente à outra: numa há imagens de pessoas em primeiro plano olhando para a câmera; na outra, a própria artista em situações prosaicas olhando para a câmera), Three Landscapes, de Roy Lichtenstein (com texturas que refletem a luz, gerando efeitos semelhantes aos raios de sol e às ondas no mar que, justapostos às imagens captadas da natureza, compõem simulacros do real), Movie Drome, de Stan VanDerBeek (instalação semelhante ao projeto original, de 1965, que recria o espaço de exibição em forma de cúpula de 180º), ÃO, de Tunga (filmeinstalação que cria outros significados para a imagem, o som e o próprio devaneio do corpo), Adjugated Dislocation, de Valie Export (obra onde o corpo, e não o olhar, é o agente da imagem, criando uma relação indissociável entre eles).
Completando esta seleção, está antologia de 35 curtas experimentais produzidos pelos artistas do movimento Fluxus, reunidos por George Maciunas na Fluxfilm Anthology.
Para a execução de Iluminados – Experiências Pioneiras em Cinema Expandido, além dos projetores de vídeo, foram necessários 11 projetores 16 mm com um sistema de projeção em lopping e uma diversidade de lentes que não se encontram mais disponíveis no mercado brasileiro.
Roberto Moreira S. Cruz comenta que a exposição ILUMINADOS oferece ao visitante a oportunidade de apreciar, em suas configurações originais, obras produzidas em formatos pouco usuais no campo do cinema experimental. “Algumas foram restauradas recentemente, apresentadas em raríssimas oportunidades e, certamente, exibidas pela primeira vez no Brasil nesta ocasião. Em alguns casos, os filmes foram transferidos para mídias digitais para uma melhor adaptação aos modos de exibição ininterrupta, durante vários dias”.
Serviço
Exposição: ILUMINADOS – Experiências Pioneiras em Cinema Expandido
Visitação: 17 de agosto a 15 de outubro de 2017
Terça a sábado, das 10h às 21h. Domingos e feriados, das 10h às 19h30.
Local: Galpão e Espaço Expositivo
Agendamento de visitas educativas: pelo telefone (11) 2076-9704 (das 10h às 17h) ou [email protected].
Sesc Belenzinho
Endereço: Rua Padre Adelino, 1000
Belenzinho – São Paulo (SP). Telefone: (11) 2076-9700
Estacionamento: R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2,00 por hora adicional (credencial plena); R$ 12,00 a primeira hora e R$ 3,00 por hora (Credencial Atividade, MIS e visitantes).
O curador
Roberto Moreira S. Cruz (curador) – Pós-doutorando em Estética e História da Arte (Interunidades USP); Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e mestre em Comunicação e Cultura pela UFRJ. Desde 2012, é o curador da Coleção Itaú Cultural de Filmes e Vídeos, tendo apresentado a exposição em diversas cidades do país. Foi curador, entre outras, das exposições: Cinema Sim: Narrativas e Projeções (2008), no Itaú Cultural; Fluxus Black and White (2012), no Oi Futuro; e, em parceria com Aracy Amaral, realizou Expoprojeção 1973-2013, Sesc Pinheiros, em São Paulo. Idealizou e coordenou a produção executiva de Iconoclássicos, série de cinco longas-metragens sobre artistas brasileiros. Atualmente, atua como consultor da Enciclopédia de Cinema do Itaú Cultural e é Diretor Executivo da SAC – Sociedade Amigos da Cinemateca.