Esta é a terceira vez que o conjunto é ocupado, como forma de protesto por falta de moradias dignas. As obras do residencial deveriam terminar em 2012, mas não foram concluídas pela Caixa Econômica Federal
G1
SÃO PAULO — O Conjunto Habitacional Caraguatatuba, em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, foi ocupado pela terceira vez nos últimos anos por pessoas sem moradia. As obras do conjunto foram iniciadas em 2010 e tinham previsão de término para 2012, mas, até o momento, não ficaram totalmente prontas.
A Caixa Econômica Federal é a responsável pelo empreendimento, e as famílias foram selecionadas pelo programa Minha Casa Minha Vida. A construtora contratada para executar o serviço faliu.
Os proprietários, que ainda não tiveram acesso aos imóveis, estão sem perspectiva. A cuidadora Thaís Diniz espera receber o apartamento há três anos. “É muito triste, eu estou morando de favor”, contou ela.
Em 2014, durante uma ação de reintegração de posse, a Polícia Militar entrou em confronto com ocupantes do Conjunto Habitacional Caraguatatuba, que montaram barricadas com pedaços de madeira, entulho e móveis e atearam fogo em ruas de acesso ao conjunto.
“Gostaríamos de ter uma posição, porque estamos todos corretos, nossos documentos estão corretos, participamos da fila, ficamos o tempo que foi necessário. A Cohab chamou e, agora, estamos assim, sem resposta de ninguém”, completou Diniz.
As famílias disseram que a ocupação é uma forma de protesto, já que não conseguem obter uma moradia digna.
“Muitas famílias estão aqui porque não têm onde ficar, realmente, não têm condições de pagar aluguel, muitas dependem do auxílio emergencial. Depender do governo é difícil”, lamentou Ana Cristina, que está desempregada.
A Secretaria Municipal de Habitação informou que, no último sábado (14), agentes da prefeitura foram até o prédio para tentar retirar os ocupantes do residencial, mas eles não quiseram sair. A secretaria afirmou, ainda, que nenhuma das famílias quis se cadastrar nos programas de habitação da prefeitura.
“Quem tem que intervir é o Ministério Público. E a Caixa tem que entrar com uma ação de reintegração de posse para que as famílias que estão esperando possam entrar, finalmente, na sua casa própria”, disse Marcio Rachkorsky, advogado especialista em condomínios.
Procurada pela reportagem, a Caixa Econômica Federal não se pronunciou sobre o caso até a última atualização desta reportagem.