Greve de ônibus: motoristas e cobradores farão paralisação de três horas nesta quarta (31)

Assembleia Sindimotoristas - Leste Online
Presidente licenciado do Sidmotoristas, José Valdevan de Jesus Santos (Noventa), em assembleia na tarde desta segunda-feira, 29. Foto: Divulgação Sidmotoristas

Possibilidade de redução de frota na cidade e novos ônibus sem cobradores provocaram dúvidas em trabalhadores

Diário do Transporte
30/07/2019 – 10:18


 

Assembleia Sindimotoristas - Leste Online
Presidente licenciado do Sidmotoristas, José Valdevan de Jesus Santos (Noventa), em assembleia na tarde desta segunda-feira, 29. Foto: Divulgação Sidmotoristas

 

SÃO PAULO — Motoristas e cobradores de ônibus da cidade de São Paulo decidiram paralisar os terminais por três horas na manhã de quarta-feira, 31 de julho de 2019.

Uma plenária da diretoria do sindicato se reúne nesta terça-feira para definir os detalhes, mas a probabilidade é que os terminais de ônibus sejam fechados das 8h às 11h ou das 9h às 12h.

Na parte da tarde, devem fazer uma passeata da sede do sindicato até a prefeitura

A decisão foi tomada em assembleia nesta segunda-feira, 29, na sede do Sindmotoristas, sindicato que representa os trabalhadores.

A categoria ficou revoltada com a medida da gestão Bruno Covas (PSDB) de reduzir a frota de ônibus em circulação, retirando das OSOs – Ordens de Serviços Operacionais das empresas do subsistema estrutural (linhas que passam pelo centro com veículos maiores), em torno de 260 coletivos. O subsistema local, das empresas que surgiram das cooperativas de lotação, não vai ser atingido com a redução de frota.

No discurso da assembleia, o presidente licenciado do Sidmotoristas, José Valdevan de Jesus Santos (Noventa), disse que nesta terça-feira, 30 de julho de 2019, uma comissão deve se reunir com representantes da SMT – Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes para discutir as mudanças nas linhas de ônibus.

Noventa disse que há um projeto “disfarçado” para transferir linhas de ônibus do subsistema estrutural, das viações mais tradicionais, para o subsistema local, formado pelo que chamou de “novas empresas”, que são as companhias que surgiram as cooperativas.

“A grande maioria não conhece, não sabe o que está acontecendo, aí quando a gente olha, redução de frota? Redução de frota é pouco. Olha a injustiça e a covardia. Quando tira as linhas das empresas que nós somos trabalhadores, que nós operamos. [Estas linhas] vão deixar de existir?. Uma ova! Essas linhas vão para as ex-cooperativas, para as empresas novas e os trabalhadores não irão juntos. Então, não é só redução de frota: é redução de linhas para ir para as empresas novas e é isso que estamos denunciado. – disse Noventa no discurso.

Os profissionais também são contra uma circular da SPTrans – São Paulo Transporte, gerenciadora do sistema, enviada por e-mail às viações, que autoriza que os ônibus padrons e básicos novos do subsistema estrutural sejam inseridos nas linhas sem o posto do cobrador a partir de 02 de setembro.

Na assembleia,  o  presidente em exercício do Sindmotoristas, Valmir Santana da Paz, o Sorriso, disse que também recebeu uma ligação do secretário de mobilidade e transportes, Edson Caran, agendando uma reunião na secretaria.

Segundo o sindicalista, às 14h os diretores da entidade vão se reunir na sede do sindicato para discutir o conteúdo da reunião com a SMT.

Na última semana,  Sorriso, disse ao Diário do Transporte, que a entidade estima que ao menos 2,5 mil postos de trabalho podem ser eliminados somente com a redução da frota.

Já o presidente do SPUrbanuss, sindicato das empresas de ônibus do subsistema estrutural, Francisco Christovam, disse também ao Diário do Transporte que as viações não foram chamadas para dialogar sobre a redução de frota neste momento e que as companhias ainda avaliam os impactos da retirada dos coletivos das ruas na qualidade de prestação de serviços.

Neste último sábado, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, defendeu que a cidade já adote o modelo operacional previsto na licitação dos transportes, cuja validade das assinaturas depende de uma resposta a um esclarecimento da Justiça à prefeitura. Na prática, este novo modelo resulta em reorganização de linhas e da frota. Covas disse que é necessário reduzir custos e cortar “gorduras” do sistema.

“A gente tenta sempre reduzir custos, tendo um sistema cada vez mais eficiente. Essa é a dificuldade do poder público: é poder ampliar o serviço, melhorar o serviço e ao mesmo tempo ir cortando gordura, ir cortando desperdício, dentro deste meio tempo é possível dialogar e chegar a outros denominadores comuns para que a gente possa evitar essa greve na cidade […]  Inadequado é não colocar [os parâmetros da licitação nos contratos emergenciais] porque isso significaria postergar um benefício ao sistema, melhoria e mais eficiência ao sistema. Não há nada que impeça que a gente já coloque isso no contrato emergencial. Tudo que significa gastar melhor o recurso da população e ter um serviço mais bem prestado, é adequado para ser feito e é exatamente isso que está sendo feito neste contrato emergencial.”– disse Bruno Covas.